"Uma nova eleição, mas com velhas caras." O título da reportagem principal de política, publicada no dia 25 de setembro em A GAZETA, merece reflexão. Afinal: o que contribui para que o processo de renovação de lideranças e ideias na política brasileira, e capixaba, seja tão cheio de obstáculos e armadilhas? Atrevo-me a afirmar que a renovação do pensamento e das lideranças tem a ver com a maneira como ainda fazemos política por aqui.
Evoluímos, sem dúvida. Muito embora não o suficiente para dar respostas concretas aos problemas que a sociedade espera, como mais saúde, educação e segurança. A evolução no nosso caso se deu quando, nos últimos 10 anos, conseguimos pela política formar um amplo leque de alianças, hegemonizado por forças de centro-esquerda, e amparado por segmentos empresariais de relevância na economia local. Chamado pelo ilustre economista Arlindo Vilaschi de "consenso de necessidades".
Essa fórmula funcionou e vem funcionando muito bem, mas como tudo na vida pode e deve ser sempre revisto, sob pena de caducar ou começar a dar o efeito contrário.
Preocupa-me a capacidade desta ampla frente política propiciar em seu interior a renovação. Os mais variados partidos e lideranças que estão juntos no propósito comum de trazer o desenvolvimento para nosso Estado têm visões e maneiras diferentes de tratar um mesmo problema. Suprimir a revelação destas diferenças não faz bem à democracia e ao próprio fortalecimento deste amplo consenso.
As eleições que se aproximam estão correndo o risco de se tornar momento pobre no debate de ideias e em capacidade de fazer surgir novas lideranças. Em Vitória, por exemplo, existe uma pressão para que as eleições sejam definidas antes mesmo do seu início, sem que haja aqui um risco iminente de se entregar a condução da prefeitura a mãos indesejáveis. Como julgar se o prefeito Coser fez, nos seus oito anos de mandato, um trabalho bom e eficaz para nossa cidade sem o debate franco, honesto e desapegado de preconceitos ideológicos?
Vitória somente tem a ganhar com o processo democrático de escolha do seu novo mandatário. As forças políticas saberão se agrupar no primeiro e no segundo turnos para apresentar suas ideias e os seus nomes. Aos artífices deste amplo consenso de necessidades caberá a vigilância do processo, de tal modo a evitar retrocessos. Defendo um salto qualitativo neste amplo consenso tão inteligentemente arquitetado e que tantos benefícios têm trazido ao Espírito Santo. Não vamos decretar a "morte da política".
Vereador Serjão Magalhães (PSB)
Data de Publicação: segunda-feira, 07 de novembro de 2011
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